Enxaqueca não é só dor de cabeça: entenda essa condição neurológica e saiba quando procurar ajuda!

A enxaqueca é muito mais do que “uma dorzinha chata na cabeça”.

Trata-se de um distúrbio neurológico crônico, de origem genética, que pode afetar profundamente a qualidade de vida — física, emocional e social. Quem convive com ela sabe que não se trata de exagero nem de “frescura”: o cérebro de quem tem enxaqueca funciona de forma diferente e merece cuidado especializado.

O que é enxaqueca?

A enxaqueca é uma condição crônica que costuma surgir ainda na juventude e pode acompanhar a pessoa por muitos anos. É comum que haja histórico familiar — ou seja, pode ser herdada de um dos pais.
Nessa condição, o cérebro e os nervos do crânio se tornam mais sensíveis a estímulos, tanto internos (como alterações hormonais) quanto externos (como luz, cheiros, ruídos ou sono irregular).

O que acontece no cérebro durante a crise?

Uma crise de enxaqueca é resultado de uma resposta cerebral em cadeia que envolve:
 
• Hiperexcitabilidade cerebral – o cérebro responde de forma exagerada a estímulos simples;
• Alterações nos neurotransmissores – especialmente na serotonina, que regula humor e dor;
• Disfunção em centros de controle da dor e da sensibilidade, como o tálamo e o tronco encefálico.
 
Essas alterações desencadeiam sintomas que vão muito além da dor.
 
Enxaqueca é mais do que dor de cabeça: conheça as fases da crise

A enxaqueca pode evoluir em até 4 fases distintas:

1. Pródromo (antes da dor): sinais como bocejos repetidos, compulsão por doces, irritabilidade, cansaço ou dificuldade de concentração.
 
2.Aura (em alguns casos): alterações visuais (manchas, luzes piscando), dormência ou dificuldade para falar.
 
3.Dor: geralmente latejante, unilateral, acompanhada de náusea, vômito, sensibilidade à luz, ao som e a cheiros.
 
4.Pósdromo (após a dor): sensação de “ressaca cerebral”, cansaço, lentidão mental.

⚠️ Importante: nem todas as pessoas passam por todas essas fases. Os sintomas variam de pessoa para pessoa e até de uma crise para outra.

O que pode desencadear uma crise?

Existem diversos gatilhos que podem facilitar o início de uma crise. Os mais comuns são:
 
• Estresse emocional e ansiedade
• Sono ruim ou noites mal dormidas
• Ficar em jejum por muito tempo
• Oscilações hormonais (como no período menstrual)
• Cheiros fortes, luzes intensas ou ruídos altos
• Café em excesso ou abstinência repentina

✨ Cada paciente tem seu próprio “mapa de gatilhos”. Identificá-los é parte essencial do tratamento.

Existe tratamento?

Sim! A boa notícia é que a enxaqueca tem controle, e hoje temos diversas estratégias para isso.
 
O tratamento deve sempre ser personalizado, de acordo com o tipo e a frequência das crises. As abordagens incluem:
 
• Mudanças no estilo de vida (sono, alimentação, atividade física, manejo do estresse)
• Medicações de alívio e prevenção (orais ou injetáveis)
• Terapias complementares: acupuntura, fisioterapia, técnicas de relaxamento e neuroestimulação

⚠️ Ignorar as crises ou se automedicar repetidamente pode agravar o problema e tornar a enxaqueca ainda mais difícil de controlar.

Viver sem dor é possível

A enxaqueca ainda não tem cura, mas é perfeitamente possível viver com controle e qualidade de vida. O diagnóstico correto, aliado ao tratamento e ao acompanhamento com neurologista, pode transformar a rotina de quem sofre com dores frequentes.

Você não precisa aceitar a dor como “parte da vida”.

📌 Dica final:

Identifique seus gatilhos, respeite seus limites e busque ajuda especializada.
Cuidar da sua saúde cerebral é um ato de autocuidado e liberdade.

📩 Se você sofre com dores de cabeça frequentes, estou à disposição para orientar e acompanhar seu caso com responsabilidade e empatia.

Referências científicas:
 
1.Goadsby, P. J., et al. (2017). Migraine. Nature Reviews Disease Primers, 3, 17071.
 
2.Ashina, M. (2020). Migraine. The New England Journal of Medicine, 383(19), 1866–1876.
 
3.Headache Classification Committee of the International Headache Society (IHS). (2018). The International Classification of Headache Disorders, 3rd edition (ICHD-3). Cephalalgia, 38(1), 1–211.
 
4.Charles, A. (2018). The pathophysiology of migraine: implications for clinical management. The Lancet Neurology, 17(2), 174–182.

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